sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Intervenções de rotina com o recém-nascido

Estamos trazendo mais informações sobre o tema de nossa V Roda de Diálogos (Como seu bebê será recepcionado no parto?), que faremos no próximo sábado, às 12:30, na Livraria Cultura. É um texto de Dan Gayoso, coordenadora do Grupo Boa Hora, do Instituto Nômades. Aproveitem a leitura e reflitam sobre como querem que seus bebês sejam recebidos nos primeiros momentos de vida.


Principais procedimentos comumente feitos com o bebê em suas primeiras horas de vida no parto hospitalar:

1. Corte precoce do cordão umbilical (assim que o bebê nasce): Pelas evidências científicas disponíveis, não é recomendado cortar o cordão umbilical antes que o mesmo pare de pulsar, pois esse procedimento aumenta a incidência de anemia na infância. É possível também aguardar a expulsão da placenta antes do clampeamento do cordão umbilical. Leia mais: http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u501567.shtml.

2. Aspiração das vias aéreas e gástricas do bebê e lavagem gástrica: Esses procedimentos podem ser prejudiciais ao bebê quando feitos de rotina, de acordo com as evidências científicas. A grande maioria dos bebês, mesmo os nascidos de cesárea, não precisam ser aspirados. Segundo o pediatra Carlos Eduardo Corrêa, a aspiração "pode levar a diminuição de frequência cardíaca, espasmos de laringe, queda da pressão arterial e dificuldade de mamar nos bebês". Leia mais: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/saude/sd0708200902.htm.

3. Sondagem anal: É comum introduzir uma sonda no ânus do bebê para verificar se a passagem está desobstruída. Uma alternativa seria aguardar ao menos 24 horas para ver se o bebê faz cocô.

4. Instilação de colírio com nitrato de prata nos olhos do bebê (método de credé): Procedimento feito para prevenir um tipo grave de conjuntivite que pode levar à cegueira. Porém, o nitrato de prata previne apenas um tipo de conjuntivite, que é provocado pela bactéria que provoca gonorréia (Neisseria gonorrhoeae). Se a mulher fez os exames pré-natais e sabe que não é portadora dessa bactéria, não há justificativa para a aplicação do colírio. O colírio arde no olho do bebê, atrapalha a sua visão e interfere na formação do vínculo entre mãe e bebê. Além disso, o uso do colírio pode acarretar numa conjuntivite química (cerca de 20% dos bebês em que foi feito uso do nitrato de prata desenvolvem conjuntivite química). Leia mais: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/saude/arquivos/assistenciafarmaceutica/clin-alert0301.pdf.

5. Aplicação de injeção intramuscular de vitamina K: Procedimento feito para prevenir a doença hemorrágica do recém-nascido. Há também a versão oral da vitamina, que deve ser aplicada em três doses. Vale a pena se informar sobre a vitamina K para uma decisão mais consciente em relação ao seu uso. Leia mais: Artigo comparando a vitamina K injetável com a oral: http://parir.blogspot.com/2006/11/uso-da-vitamina-k-no-perodo-neonatal.html. Artigo que questiona a necessidade do uso da vitamina K nos bebês (em inglês): Vitamin K - An Alternative Perspective - disponível no site: http://www.aims.org.uk/.

6. Separação do bebê de sua mãe: Nos partos hospitalares, normalmente o neonatologista, após a realização dos procedimentos descritos acima, permite um breve contato do bebê com a mãe na sala de parto e o leva para o berçário, para que fique em "observação" entre 2 a 4 horas, em um berço aquecido. Esse procedimento não tem justificativa no caso de um bebê saudável, e é prejudicial para o estabelecimento do vínculo bebê-mãe (família) e para o início da amamentação.

7. Banho dado pela equipe de enfermagem: O primeiro banho é dado normalmente por uma enfermeira, que, com mãos enluvadas esfrega bem o bebê para retirar toda "sujeira" e entregá-lo "limpinho" à família. O bebê costuma nascer com algum vérnix no corpo (substância oleosa esbranquiçada que reveste a pele do bebê quando ele está no útero), o qual é totalmente absorvido nas primeiras horas de vida do bebê. A família pode escolher que o primeiro banho do bebê seja dado no momento que escolher, por alguém da própria família, que tocará no bebê com mãos sem luvas e com carinho.

8. Oferta de líquidos ao bebê: É comum que se dê ao bebê, no berçário e sem o consentimento ou conhecimento da família, mamadeira com soro glicosado ou leite modificado (Nan, Nestogeno ou similar), o que pode interferir na amamentação e predispor o bebê a alergias.

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